Não há pão na casa de pão
Migalhas no chão e prateleiras vazias
A presença de Deus tem deixado de ser prioridade na igreja moderna. Estamos como uma padaria que funciona próximo da minha casa, muito “requintada“, iluminação especial, arquitetura moderna, muita diversidade alimentícia, atrai pela beleza exterior e interior, mas outro dia, por volta das 17hs fui comprar pão na padaria, para minha infeliz surpresa não havia pão na padaria, a moça perguntou-me se eu gostaria de comprar outra coisa, um café, um salgado, percebi que ali se tornara um centro de bate-papo com amigos, haviam algumas pessoas tomando café e conversando, o local é bem frequentado, inclusive por lideranças do município, aquela padaria agora era um local de encontro de amigos. Assim é que se encontra a igreja ou pelo menos parte dela, padaria abertas, mas sem pão, ofertando muitas outras coisas, um local de encontro dominical com os amigos. Não sei se o dono da padaria onde fui comprar o pão, que é um português, teve a intenção que sua padaria se tornasse um ponto de encontro entre amigos e que ofertasse muitas outras coisas, mas que vez ou outra, falta pão, mas sei que o Senhor nunca desejou isso para sua igreja, ao afirmar que Ele é o Pão da vida e quem d´Ele se alimentasse nunca teria fome (João 6:35), expressou o desejo que sempre que alguém procurasse por pão, acharia.
Perguntou-me se realmente desejamos ofertar pão, ou se apenas estamos interessados no bate-papo ao redor dos fornos frios e prateleiras vazias. Alguns dias atrás fiz uma enquete sobre o porque de irmos aos cultos de oração, muitos responderam de pronto: “para pedir“, outros “para receber bênçãos“, uns poucos “para louvar“, me pergunto, será que sabemos o que Jesus quer que façamos, sabemos o que Ele fez ou onde Ele está agora? Ou será será que estamos ocupados demais varrendo as migalhas caídas no chão achando que isso é alimento para nossa vida?
No dia que Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém montado em um jumento, talvez tenha passado em frente a alguma sinagoga onde religiosos faziam suas orações, até imagino a cena: ” O que está acontecendo, que perturbação é essa? Que passeata é essa? Vocês estão perturbando o sumo sacerdote! Não sabem o que estamos fazendo?! Estamos realizando um importante culto de oração aqui, estamos orando pela vinda do Messias! Quem é o responsável por esse tumulto?
Está vendo aquele moço montado no jumentinho?
Estavam ocupados demais com migalhas que perderam o Pão da vida, o Messias veio e eles não se deram conta disso. Eles esperavam o Messias de um outro jeito, a forma que Jesus veio era contraria a forma esperada, e por isso não foi aceito. Nós queremos que Jesus faça muita coisa por nós, do nosso jeito, mas não compreendemos que TUDO deve ser feito para Ele e o por meio d´Ele. Nós somos os servos, não os senhores.
Vejo quase todos os dias pessoas reclamando que a IGREJA não satisfaz suas necessidades, que as pregações não o alimentam, que seu casamento não muda, etc. O problema é que estamos nos alimentando de migalhas achando que estamos nos banqueteando;
Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. – 1 Coríntios 15:19
A fornalha de Pão da vida está pronta para ser despejada sobre nós, mas é necessário que queiramos nos alimentar desse pão e isso requer de nós mudanças, grande mudanças de atitude, requer santidade. Assim como os fariseus, podemos até está orando, e ainda assim não ver o que Jesus está fazendo.
Há dois ingredientes que produzem migalhas, a ignorância da fé e a idolatria da razão. Fomos ensinado desde cedo que devemos ir à igreja, não que deveria ler a bíblia e viver segundo o que ela diz, nos tornamos cristãos culturais, mudamos apenas a religião, mas muitos ainda acredita que ir ao templo aos domingos é tudo. Isso é migalha, diante da vida eterna. Jesus nos ensina que antes de qualquer outra motivação que seja, devemos nos alegrar pelo dom da vida eterna, nosso nome está escrito no livro da vida – Lucas 10:20.
Na época dos juízes houve fome na terra. Um homem de Belém de Judá, com a mulher e os dois filhos, foi viver por algum tempo nas terras de Moabe. O homem chamava-se Elimeleque, sua mulher Noemi e seus dois filhos Malom e Quiliom. Eram efrateus de Belém de Judá. Chegaram a Moabe, e lá ficaram. Morreu Elimeleque, marido de Noemi, e ela ficou sozinha, com seus dois filhos. Eles se casaram com mulheres moabitas, uma chamada Orfa e a outra Rute. Depois de terem morado lá por quase dez anos, morreram também Malom e Quiliom, e Noemi ficou sozinha, sem os dois filhos e o seu marido. Quando Noemi soube em Moabe que o Senhor viera em auxílio do seu povo, dando-lhe alimento, decidiu voltar com suas duas noras para a sua terra. – Rute 1:1-6
Há uma razão porque que as pessoas deixem a Casa de Pão
Noemi, seu marido e seus filhos saíram de Belém porque havia fome em Belém. O significado literal em hebraico para Belém é “casa de pão”. A razão pela qual deixaram a casa de pão era que não havia pão na casa de pão. Uma constatação simples, as pessoas deixam as igrejas ou mudam de igrejas porque não há pão, e os padeiros, pastores e líderes, continuam a ofertas migalhas, qualquer coisa que não seja pão, é migalha, se oferta show, milagre, cura, bênção, 12 passo para o casamento mudar, fogueira santa, etc. Tudo isso não passa de migalhas.
Noemi e sua família têm muito coisa em comum com nossa sociedade, muitos deixam a igreja porque não encontram alimento, as pessoas estão famintas, e estão procurando alimento em lugares que não produzem alimentos que se precisa. Muitos estão com as prateleiras espirituais vazias e os “padeiros” de plantão parecem não saber fazer pão.
Temos falsamente anunciado que há pão em nossa casa, mas quando vem a fome saímos em busca de poucas migalhas de avivamentos passados. Falamos muito sobre o que Deus fez, mas temos muito pouco a dizer do que Ele está fazendo agora. Temos apenas vestígios do que já foi um dia, um resíduo da glória em extinção, ICABODE.
A crise avassaladora que atinge a sociedade chegou em nossas igrejas, é verdade que estamos assistindo um crescimento da igreja evangélica no Brasil, mas será que temos o que comemorar? Certo pastor afirmou uma vez: “Deus me livre de um pais (Brasil) evangélico”, embora seja forte essa frase, parece fazer algum sentido quando olhamos para o comportamento da sociedade que se diz evangélica. Por que não temos visto uma transformação na sociedade, nos valores, na política, etc? Acredito que estamos ofertando muitas coisas, mas tem faltado PÃO.
O Rev. Hernandes Dias Lopes em seu livro piedade e paixão diz:
Muitos pastores no afã de buscar o crescimento de suas igrejas abandonam o genuíno evangelho e se rendem ao pragmatismo prevalecente da cultura pós-moderna. Buscam não a verdade, mas o que funciona; não o certo, é o que dá certo. Pregam para agradar os seus ouvintes, e não para leva-los ao arrependimento.
Estamos vivendo uma crise doutrinária e teológica, precisamos voltar ao evangelho, sola scriptura. A receita para o Pão é a mesma deixada por Jesus, ARREPENDIMENTO e SANTIDADE. Pouco se houve falar nos púlpitos sobre céu e infernos, pecado e salvação, é necessário reafirmarmos o que a reforma ensinou; Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Gratia, Sola Fide. Chega de migalhas, show, falsos avivamentos, profetadas, etc. É hora de darmos Pão ao faminto.
Não somos um programa culinário como o programa da Ana Maria Braga, que faz receitas deliciosas, mas ninguém do outro lado da TV come, temos que ter a absoluta certeza que nossos ouvintes entenderam a receita e irão produzir o alimento que sacia sua fome.
Um rumor chega a Moabe
Quando a fome chegou a Belém, as pessoas foram obrigadas a procurarem pão em outros lugares, em nossos dias pessoas também procuram alimentos em “terras” distantes, o dilema é que as alternativas do mundo podem e muitas vezes são mortais. Noemi descobriu isso tarde demais. Moabe é um local cruel, furta os filhos, os sepulta antes do tempo, faz separação entre os cônjuges e rouba nossa vitalidade. Tem muita gente indo a Moabe a procura de pão nem saber que lá encontrar dor e sofrimento. No fim, só restou a Noemi duas noras. Moabe não poupará ninguém.
Sem futuro, sem esperança, Noemi ouve rumores que o Senhor viera em auxilio do seu povo e resolve voltar à Belém. Se somente um boato percorrer os ouvidos dos famintos de que o Pão está de volta à Casa de Pão, seriam tantos os voltariam ou viriam que não conseguiríamos comporta-los em nossos templos.
Tudo que temos que fazer é trazer o Pão de volta à casa de pão.
Soli Deo gloria
Pr. Franco Júnior
Gileade Juazeiro
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