Plantando igrejas, não empresas – Igreja Gileade de Juazeiro do Norte
Se você prestar atenção à seara da plantação de igrejas, você rapidamente começará a se perguntar se algum tipo de magnata dos negócios assumiu o controle de seu centro de comando. Frases e termos como “cliente para proprietário”, “lançamento de igreja”, “serviços de pré-visualização” e “empreendedorismo” se tornaram onipresentes, enquanto aquelas frases maravilhosamente poderosas que ouvimos de Paulo — “ambição de pregar o evangelho”, “pastorear o rebanho de Deus entre vocês”, “pregar a Palavra!” — parecem ter sido esquecidas.
Isso é lamentável porque o que é necessário para plantar uma igreja não é a sabedoria de um grande CEO de uma multinacional, mas o Evangelho de Jesus Cristo e a Palavra que testifica esse Evangelho. Isso é um golpe baixo, eu sei, mas ouça — se quisermos desfrutar do prazer de Deus ao plantar uma igreja, precisamos esquecer as práticas dos homens que prometem reunir multidões rapidamente e, em vez disso, explorar as profundezas da Palavra de Deus para edificar um povo intencionalmente.
Abaixo, ofereço três princípios que todos devemos considerar para que possamos plantar igrejas para o prazer infinito da glória de Deus, em detrimento do nosso próprio lucro.
Bíblia, não negócios
A Palavra de Deus é suficiente, até mesmo para o plantio de igrejas. Quaisquer práticas às quais precisamos nos dedicar estão ali na Bíblia, desde que tiremos um tempo para examiná-las.
Discipulado, membresia, pregação, disciplina, presbíteros, diáconos, ordenanças — todas essas coisas são faladas claramente na Bíblia. Cada uma delas é um bom presente de Deus que funciona como um elo para prender a igreja ao mesmo Evangelho que ela é chamada a proclamar e proteger. Em outras palavras, coisas como membresia e presbíteros não são apenas características que trabalhamos em uma plantação depois de reunirmos uma multidão; são ingredientes necessários que compõem a comunidade convincente que ilustra o caráter de Deus para um mundo que a observa.
Em geral, os livros sobre plantação de igrejas dão pouca atenção à descrição e à compreensão do que de fato é uma igreja. Com boas intenções, sem dúvida, esses livros geralmente encorajam os plantadores de igrejas a priorizar a lucratividade, de modo que “sucesso” significa colocar o máximo de pessoas no salão o mais rápido possível para que possam comparecer ao seu culto. Normalmente, os marcadores bíblicos para definir uma igreja como um povo — santo, separado do mundo — são, na melhor das hipóteses, uma voz distante. Às vezes, ela nem é ouvida.
O que é uma igreja? Por que a igreja existe? O que Deus nos disse que marcará seu povo? O que deve ser ensinado? Quem deve liderar? Com quem esses líderes devem se parecer? O que é sucesso? A Bíblia tem instruções cuidadosas sobre todas essas coisas, o que significa que é mais do que suficiente para ser nosso guia de plantio de igrejas.
Pastores, não presidentes
Podemos estar familiarizados com as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, mas quais são as últimas palavras daquele grande plantador de igrejas, o apóstolo Paulo? “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20.28). Paulo implorou a esses pastores para serem pastores que se importam, que amam o rebanho que Jesus derramou seu próprio sangue para salvar.
Os plantadores não devem ser empreendedores iniciando uma barraca de limonada para Jesus. Eles devem ser pastores que gentilmente lidam com as ovelhas de Cristo e apaixonadamente levam as gloriosas notícias do Evangelho para lugares e pessoas ainda não alcançadas.
Visitantes e membros da igreja devem saber que não estamos aqui para uma plataforma maior. Em vez disso, nossas vidas devem comunicar nosso cuidado com suas almas. As pessoas podem sempre e em qualquer lugar encontrar líderes que possuem aquele tipo único de magnetismo e que levantam bandeiras e lutam por grandes causas, mas a igreja deve oferecer algo diferente. As pessoas estão cansadas de serem enganadas pelos lucros de outras pessoas. Elas querem médicos que de fato as escutem, mecânicos de automóveis honestos, políticos que servem de fato ao povo e garçons que saibam seus nomes. É difícil encontrar esse tipo de líder no mundo, mas as pessoas interessadas no Evangelho devem ser capazes de encontrar integridade em qualquer líder da igreja de Cristo.
Vamos parar com todas essas perguntas sobre ser “empreendedor” e vamos fazer mais perguntas sobre se os possíveis plantadores amam de verdade e se importam de fato com suas esposas e filhos. Vamos perguntar a eles sobre a última vez que receberam um telefonema tarde da noite e atenderam, alegremente, porque queriam servir com o Evangelho aqueles que estão em apuros. Vamos perguntar aos plantadores se eles ficariam contentes no pouco para que o Senhor pudesse confiar a eles o muito.
Relacionamentos, não rivalidade
Antes de vários de nós escolhermos juntos plantar uma igreja em Washington, D.C., não apenas falamos com líderes denominacionais, mas também — e mais importante — falamos com pessoas piedosas que realmente viviam em DC e estavam trabalhando. Fizemos isso por algumas razões.
Primeiro, queríamos respeitar aqueles que já estavam aqui. Segundo, à luz disso, queríamos ouvir deles se havia alguma lacuna na cidade que poderíamos preencher com uma igreja saudável e que pregadora o Evangelho. Não queríamos pregar o Evangelho onde Cristo “já havia sido anunciado” (Rm 15.20). Nossas vidas são curtas, e o Senhor nos confiou muito. Então, fizemos disso uma prioridade para ir a um lugar carente, não importando se era uma cidade conhecida ou popular. Na verdade, tínhamos algumas outras cidades em nosso radar das quais nos afastamos porque parecia que muito trabalho bom estava acontecendo lá e seria difícil encontrar um lugar.
É comum vermos grandes redes de farmácia abrindo uma ao lado da outra, em frente a outra — até mesmo em cima uma da outra! — para tentar tomar a fatia de mercado como rivais. Infelizmente, às vezes percebo a mesma coisa acontecendo entre plantadores de igrejas.
Em vez de construir relacionamentos, eles ouvem apenas o seu próprio grupo, como um líder denominacional que não reside no local, mas tem “jurisdição”. Outros plantadores de igrejas nem sequer fazem perguntas sobre a possibilidade de já haver muitas igrejas em uma região porque presumem que todas as cidades estão mal servidas e precisam de sua ajuda.
Mas olhe para o apóstolo Paulo. Uma de suas grandes alegrias era a comunhão que ele tinha com outras igrejas. Perdemos isso quando vemos os outros como rivais em vez de membros de uma mesma família para amar, servir e aprender.
De fato, um dos meus maiores prazeres em plantar igrejas tem sido fazer parceria com uma família de igrejas na mesma cidade, “lutando lado a lado pela fé do evangelho” (Fp 1.27). Trabalhamos juntos, não separados. Quanto mais falamos e ouvimos uns aos outros através das linhas denominacionais, mais o Evangelho se espalha pelo mundo, em vez de se acumular em um só lugar.
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Fonte: https://gileadejuazeiro.com.br/plantando-igrejas-nao-empresas/
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